segunda-feira, 29 de março de 2010

Qual democracia queremos?

É recorrente, principalmente por parte do senso comum, definir democracia como um modelo polítitco em que se vive com liberdade de expressão, ou seja, seria um termo antagônico à pré definição de ditadura. Entretanto já é hora de refletirmos um pouco acerca destas duas definições.
Quando um parlamento é formado por eleições diretas há uma garantia legítima de representação? O que temos visto nesta primeira década do século XXI quando se trata de política eleitoral no país? Quantas vezes a população foi consultada sobre temas de interesse nacional, como por exemplo sobre a privatização da antiga Vale do Rio Doce? E quanto aos diversos casos estapafúrdios de corrupção, o que efetivamente foi feito? Porque um governo democrático representativo é tão ineficaz com a gestão social dos bens? Isto é simples, porque não temos nenhuma garantia de revogabilidade dos mandatos, porque não temos meios verdadeiramente livres de transparência das ações parlamentares, porque todas as políticas econômicas são elaboradas para a elevação do PIB, para um crescimento ilusório de porcentagens, enquanto a maioria esmagadora dos trabalhadores brasileiros não vêm melhoria alguma com todos esses números. Ainda somos um dos países com maior nível de desigualdade em todo o mundo.
Mas onde será que está o cerne da questão, a célula responsável por toda a disseminação da falta de escrúpulo dos 'politiqueiros'? Partindo do pressuposto de que estamos representados no congresso, basta que votemos com consciência para que as coisas mudem. Mas porque em mais de 20 anos de redemocratização, nós não vimos o desenvolvimento real deste país? O fato é que não estamos diante de um problema de gestão, estamos frente a frente com um problema estrutural, logo é preciso romper com as estruturas que mantém a lógica antidemocrática e suicida!
Falar de ditadura, dos abusos autoritários é muito fácil. Criticar nações que resistem corajosamente aos ataques midiáticos, que tentam construir um modelo digno de sociedade também é fácil, entretanto é díficil fazer a auto- crítica. Quando iremos pautar decisivamente nosso modelo político gerador de desigualdades econômicas, e dicuti-lo profundamente?
Dar ao povo o poder é condição para a construção da nação que tanto sonhamos. Este país de riquezas naturais, esta terra mãe gentil, não quer ver um filho teu fugir da luta. Entre outras mil és tu Brasil só mais uma terra explorada.
Paremos com tanta ingenuidade, não queremos a credibilidade dos políticos, queremos juntos construir, errar e acertar, mas o poder não pode continuar sendo daqueles que fazem dele trampolim social. Basta!


Rafael Monteiro de Mattos

Um comentário: